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Dólar inicia semana em queda de 2,40%; Bolsa sobe 4,57%

Votação expressiva de Jair Bolsonaro e o fato de seu partido, o PSL, conseguir a segunda maior base na Câmara, o que aumenta a possibilidade de, se eleito, avançar com as reformas, ajudaram a fortalecer a moeda brasileira, de acordo com operadores

O dólar à vista fechou a segunda-feira (8/10), no menor nível em dois meses, cotado em R$ 3,7635, com queda de 2,40%.

O resultado do primeiro turno das eleições animou os investidores.

A votação expressiva de Jair Bolsonaro e o fato de seu partido, o PSL, conseguir a segunda maior base na Câmara, o que aumenta a possibilidade de, se eleito, avançar com as reformas, ajudaram a fortalecer o real, de acordo com operadores. O real teve nesta segunda o melhor desempenho ante o dólarconsiderando uma cesta de moeda dos principais mercados emergentes.

Profissionais de câmbio ressaltam que a entrada de dólares no mercado brasileiro, com estrangeiros procurando ações com potencial de valorização na bolsa, e a continuidade do movimento de redução de posições no mercado futuro de câmbio explicam a forte queda da moeda.

O dólar teve comportamento misto no exterior, subindo ante o euro e as moedas de alguns países emergentes, como o México e a África do Sul.

O JPMorgan aumentou a recomendação para o real e vê o rali no mercado de câmbio como justificado, considerando que a nova composição do Congresso tende a favorecer a governabilidade de um eventual governo de Bolsonaro.

O banco e outros agentes, porém, recomendam cautela para as próximas semanas, pois os mercados vão aguardar as pesquisas de intenção de voto com ansiedade e ainda monitorar, após o segundo turno, o cenário para o avanço das reformas.

"A força de Bolsonaro aumenta a chance de reformas pró-mercados", avalia o economista sênior da consultoria inglesa Pantheon Macroeconomics, Andrés Abadia.

Ele ressalta que tanto a Câmara como o Senado ficaram mais de "centro-direita". Isso, aliado aos recentes apoios conquistados por Bolsonaro, que incluem os evangélicos e a Frente Parlamentar da Agropecuária, ajuda a animar ainda mais os investidores, completa Abadia. Ele prevê que o dólar pode terminar o ano em R$ 3,55.

Na avaliação do diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, modelos mostram que a moeda americana pode cair para a faixa de R$ 3,65 no curto prazo.

Ele ressalta que nesta segunda a divisa chegou na casa dos R$ 3,75, patamar próximo ao que estava na época da forte intervenção do Banco Central via contratos de swaps e também quando Geraldo Alckmin fechou acordo com o Centrão.

BOLSA

Os 16 pontos percentuais de vantagem de Jair Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) no primeiro turno da eleição presidencial também abriram espaço para uma corrida dos investidores ao mercado de ações nesta segunda-feira.

Como resultado de uma visão mais otimista em relação ao próximo governo, o Índice Bovespa teve alta de 4,57%, aos 86.083 pontos, maior nível desde 16 de maio e maior alta em mais de dois anos. O rali fez a B3 registrar o maior volume financeiro nominal da sua história, com R$ 28,9 bilhões.

Além de precificar a maior chance de vitória de Bolsonaro, o mercado repercutiu a composição do Congresso, considerada mais favorável a alianças de centro-direita, que propiciem a execução de uma agenda reformista. Assim, quase todos os setores econômicos representados na bolsa terminaram o dia em alta.

Entre as exceções ficaram ações de empresas exportadoras, refletindo a forte queda do dólar ante o real, devido ao impacto negativo nos seus caixas.