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Ser simples é uma essência da liderança

Já parou para pensar que quanto mais nos distanciamos da simplicidade, mais colocamos entraves para as nossas realizações? Escrevi sobre “ser simples” e queria saber o que você acha disso!

Quantas vezes você para durante a semana para um café/chá da tarde, sem prazos ou compromissos na cabeça? Quantas vezes tira um tempinho para correr ou pedalar na rua? Quantas vezes liga para um amigo, para os seus pais, por 10, 15 minutos, só para dar “oi”? Pequenos rituais ou pequenas paradas do dia que servem como respiro, uma leveza para uma rotina cheia.

A gente precisa da conexão, da tecnologia e de todas as inovações em nosso dia a dia. Não quero ficar desconectado, nem desatualizado, especialmente porque acredito na evolução tecnológica como grande aliada para soluções de nossos problemas. Afinal, eu trabalho com construção civil.

Mas fiquei pensando no quanto existe uma tendência de negligenciarmos ou esquecermos o que é ser simples e leve. A rotina é cheia, os prazos são curtos, as responsabilidades são imensas. Ao mesmo tempo, uma das partes mais prazerosas da minha rotina é a simplicidade pura de pequenos gestos ou rituais.

Todos os dias, acordo cedinho e vou me exercitar. Alguns dias nado, outros corro, outros ando de bicicleta. Sempre gostei de esportes, acredito que a simples disciplina dos treinos me ajuda muito no alívio das tensões e na capacidade de concentração. Gosto de aprender novos esportes, e há pouco tempo me aventurei a tentar algumas provas de triathlon curto.

A inspiração para escrever sobre simplicidade veio agora que estou de trabalho remoto e tendo a chance de nadar no mar, e cedinho, quase não sem ninguém, a sensação de simplicidade é muito presente.

Essas três modalidades exigem, na essência, muito pouco em termos de equipamento. Elas precisam muito mais de disciplina, foco e consciência corporal do que de quaisquer aparatos.

Há dois anos, escrevi um texto sobre “Mais alma e foco, menos parafernália!”, que falava sobre a jovem Lorena Ramirez, da comunidade indígena dos Tarahumara, que venceu uma ultramaratona no México, correndo apenas de sandálias de dedo.

O calçado era o seu habitual para cuidar de vacas e cabras e caminhar de 10 a 15 km por dia, e essa garota usou o que ela tinha para conseguir alcançar um objetivo.

Lembrar desse artigo me fez pensar no seguinte: quanto mais nos distanciamos da simplicidade, mais colocamos entraves para as nossas realizações. Já parou para pensar sobre isso?

Quanto mais temos, mais nos apegamos às coisas que nos tiram nosso sono – literalmente, como no caso do uso excessivo de dispositivos eletrônicos – e mais perdemos o foco daquilo que realmente importa, do nosso propósito de vida. Talvez sejam pequenas “desculpas” que às vezes inventamos para nós mesmos para adiar algum plano.

Isso vale também para a busca de nossos objetivos, para a gestão de nosso tempo. Muitas vezes, deixamos o que é importante, para focar nas falsas urgências e tentações que nos aparecem, pequenas vilãs que roubam nosso precioso tempo de fazer o que se tem que fazer, sem procrastinar. Saber dizer “não” é uma das principais ferramentas nessa linha de simplicidade para focar no que é essencial.

Acumular coisas é diferente de guardar aquilo que tem valor – que seja sentimental – para você. Mas estamos em um bom momento para abrir mão de algumas bobagens que não fazem a menor diferença diante de tudo o que passamos agora, não acha?

O que estou querendo dizer é que acredito que ser simples tem a ver com abrir espaço para absorver e viver aquilo que importa de verdade. Com o que eu quero dedicar meu tempo e ocupar a minha mente?

Eu gosto de ouvir as pessoas porque me interesso por desenvolvimento humano e gestão de pessoas. E, para isso, eu preciso da habilidade da escuta. Esse é um sentido que muitas vezes perdemos por falta de foco. Não é possível ouvir se não conseguirmos aquietar nossos próprios pensamentos, né? Ouvir por ouvir não vale, é preciso ter humildade e empatia.

Por isso, sinto que ser simples é uma essência fundamental para a liderança. O líder que valoriza a própria saúde, por exemplo, sabe como incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Ou, então, o líder que valoriza tempo com família e amigos reconhece em sua essência o quanto essas figuras são importante na vida dos colaboradores.

Ser simples é reconhecer tudo que é vital para exercer uma tarefa essencialmente humana. O que você acha disso?